Carlos Vaz
Biografia
O PRINCIPIO DA INCERTEZA, Heisenberg
alimentam-se dois pintores da tonalidade fraca de uma luz
sobre a imagem de dois frutos
o primeiro, mais a direita, desenha pêssegos
o segundo, mais afastado, limões
por não se entenderem, acendem o espaço
e vêem duas laranjas
desiludidos pelo engodo, descascam e comem
gomo a gomo o que afinal não pintaram
ARTE E CARNE NO DASEIN DA PALAVRA, Heideger
que de vermelho tem a palavra 'vermelho', tão somente a carne da palavra que dá a cor sugerida à mente
mas na verdade a palavra é daltónica e a razão que a acolhe fantasia no lume das ideias
se vermelho é sexo, sangue ou flor e se a palavra dá a tonalidade ao objecto
então seremos eternos pintores de vocábulos e pensamentos,
grafites de um mundo exterior
Galileu Galilei, O PESO
todos eram pejados de asas para experimentarem a leveza
mas criou-se o peso e os seres caíram eternamente sobre coisas
como aves num prato de cozinha
biografia:
Carlos Vaz [Carlos Rodrigo da Silva Vaz] [n. Caminha,Portugal, a 21 de Junho de 1970] é um autor contemporâneo de Língua Portuguesa. Formou-se em Filosofia e Humanidades pela Universidade Católica de Braga e complementou com o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea sobre Maria Gabriela Llansol. Carlos Vaz é o autor da conhecida trilogia da experiência: A Casa de Al'isse, Seres de Rã e o romance premiado pela crítica Capricho 43. Para além destas obras, é também o autor do livro de poesia Laivo e do ensaio premiado Diários de um Real-Não-Existente, entre outros. Recebeu o Prémio Vergílio Ferreira [Gouveia] em 2005 pelo ensaio Diários de um Real-Não Existente e o Prémio Literário António Paulouro [Fundão] em 2006 pela obra Capricho 43. Apesar do autor se avaliar como um convicto llansoliano [Maria Gabriela Llansol] numa entrevista dada, a três de Agosto de 2005, à Agência Lusa, a originalidade do seu estilo literário vai mais além e é considerada por alguns críticos [ver Referências] como uma escrita onde as dicotomias encontradas, medo/coragem, sonho/razão, humanidade/monstruosidade, memória/esquecimento, criança/homem, crítica/sonho, branco/cores, entre outras, geram a