Emilio Tavares Lima
Nationality: Guinea Bissau
Email: emiliolima4@gmail.com
Nationality: Guinea Bissau
Email: emiliolima4@gmail.com
Emílio Tavares Lima
Emílio Tavares Lima. Nascido a 04 de Agosto de 1974 em Canchungo. Licenciado em Ciências da Comunicação e da Cultura, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Fez o Curso Técnico da Comunicação na Escola Secundária de Sacavém, onde também participou e ganhou dois concursos de poesia. Venceu vários concursos de poesia em Bissau.
Mentor e coordenador do Projecto “Djorson Nobu – Nova Geração” que publicou a Antologia Poética Juvenil da Guiné-Bissau – TRAÇOS NO TEMPO. É autor dos livros: «A Esperança é Última a Morrer» 2002, «Notas Tortas nas Folhas Soltas» 2010 e «Polon Malgos» 2013. Romance: «Finhani – O Vagabundo Apaixonado» 2012 e «Pérola do Estuário» 2017. Coletâneas: – «Poiesis» - XVIII - 2008, XIX - 2009 e XX - 2011, «Do Infinito» 2010, «II Antologia Temas Originais» 2010, Traços no Tempo -Antologia Poética Juvenil da Guiné-Bissau – vol. I, 2010, «Na Flor Do Ser» 2011, «Na Magia da Noite» 2012, «Recados de Paz» 2013, «Poèmes Avec Frontières» 2014, «Sebastiânica», «Femmes d'ici_femmesnd'ailleurs» 2015 e
Sou pedaço teu
Calar-me enquanto sofres? Nunca.
Musa, Pátria Minha - Guiné-Bissau
Choro, canto, grito e resisto
Caio mas levanto e insisto
É o amor que n’alma dói
O amor que nutro por ti
Assim é meu amor por ti
Tudo o que passas, juntos sofremos
Angústias, injúrias e penúrias
Todos os maltratos e destratos
Todas as picadas e pancadas
Por ser fragmento teu
Por ti, contra gigantes e titãs lutarei
Por ti, tantas batalhas com alas travei
Por ti, tanta saliva, insónias suportei
Tantos puxões de orelha da vida levei
Tantos murros na ponta da faca dei
Com a inspiração em solavanco
Eterna ânsia do papel branco
Que aviva o dilema poético
Levanto e enfrento o silêncio
Cada noite que em mim cai
Pois sou fragmento distante
Amo-te incondicionalmente
As saudades e desejos
Mais profundas são
De ti, quanto mais longe
A célula, a molécula tua
Sou a partícula ínfima
Pedaço teu.
PS: Agora lê de baixo para cima.
“Traços (----) no Tempo”
nada acontece fora de tempo
não adianta ir além do tempo
nem atrás do tempo
porque o tempo tem o seu tempo
viver o tempo
ao alvorecer das lágrimas
e desabrochar das pétalas
é o sol que cintila no mar de rosas
no culto do tempo
todos marcam presença
em cada gesto íntegro ou perverso
que transcende o mundo vil
suplicamos pelo tempo
no holocausto da vida terrena
quando a natureza imperfeita
fustiga as carnes
das almas atormentadas
nas mãos alheias
cada tilintar da vida
é um eco implícito
onde nenhum ente sobrevive
sem traços no tempo.
“Meu Mar de Amor”
Nesse mar imenso
Onde vivo navegando
Que sejas o único farol
O cais onde posso atracar
Se tu fosses a chuva
Meu corpo seria o solo
O chão, plana terra firme
Para que a tua gota quente
Caia, molhe e vai deslizando
Penetrando os poros do meu ser
Já sabes que vivo para te amar
E se um dia tiver que morrer
Que seja só de amor por ti
E em ti ressuscitar-me-ei
Logo na terceira noite
Não te deixo sequer
Sentir a saudade
Pois és meu mar
De amor!
PS: lê de baixo para cima.
“Globalização do Carma”
Sob fragmentos do céu azul
Ao ritmo infernal acordamos
Mas que inferno é o mundo fora
Ora olhámos para os lados e agora
Tomámos uma das direcções
Não importa qual, todas elas
Vão-nos ensinar as mesmas lições
Ganhar é o dilema de todos
Roubar é a opção dos tortos
De garras afiadas assim saímos
Para que certeiro e fulminante
Seja o golpe à presa do dia
Pois o outro é isso mesmo
Outro, de nada interessa
Nada e para ninguém importa
Importa sim quem dará sangue
Ao vazio e ao carma globalizado
É formato da modernidade
A todo e a qualquer preço
Fazem-nos crer que o perigo
Está para lá das nossas sombras
O desafio é desgrudar de nós mesmos
De nós, do que cremos e acreditamos
Da nossa verdadeira sombra e d'alma
Entregarmos a escravatura moderna
Com purificação, devoção e abnegação
Ditam-nos tudo, e, até algo mais
Até quando podemos respirar
Ou mesmo parar de respirar
O desígnio é tudo entregar
Antes desse mundo pirar
PS: agora lê de baixo para cima.
Ponto de Intorrogazão?
Que poeta sou?
Que poeta poderei ser?
Mudo, de ódio e rancor?
Promotor d'amor onde falta concórdia?
Que une povos e facções desavindas?
Que acalma irmãos e mentes agitadas?
Nunca serei poeta marioneta
Que cala e que quando fala
Apenas intriga alimenta
Discórdia fomenta
Mal-estar instala
Confesso
Tempo houve em que
As minhas mãos limpei
Julguei ter feito bastante
Para o chão toalha joguei
Com uma falsa paz sonhei
As vozes do tempo
As nuances da vida
Interrogam-me hoje
Mas que poeta queres ser?
Se não consegues estabelecer
Ponte da paz com irmão de sangue?
Queres com palavras mudar o mundo?
Primeiro toca a alma do teu próximo
Há algo mais próximo que o sangue?
Se os sonhos e as vidas
São as mais belas poesias
Então o mundo pertence ao poeta
Pelos versos, pelo amor que transporta
Transborda para o papel e p’ra outras almas.