Alexandra Vieira de Almeida
Alexandra Vieira de Almeida nasceu no Rio de Janeiro em 1976. É Doutora em Literatura Comparada pela UERJ. É poeta, contista, cronista, crítica literária e ensaísta. Trabalha como agente de leitura na Secretaria de Estado de Educação. É tutora de ensino superior a distância na faculdade de Letras da UFF. Publicou artigos e ensaios literários em revistas acadêmicas especializadas e livros. Participou do livro “À roda de Machado de Assis, ficção, crônica e crítica”, com um ensaio literário (Argos, 2006). O livro foi organizado pelo professor Doutor João Cezar de Castro Rocha. Tem um livro de crítica literária, publicado em 2008, fruto de sua dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira, “Literatura, Mito e Identidade Nacional” (Ômega, 2008). Organizou juntamente com um amigo, Doutor em Letras, Ulysses Maciel, um livro de ensaios literários, intitulado “Inventário de literariedades e outras vertigens” (Imprinta, 2008). É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Também foi aprovada por unanimidade pelos Dirigentes da Litteraria Academiae Lima Barreto (RJ) para o recebimento do Diploma de Distinção Literária, laurel máximo desta instituição. Além disso, a partir desta distinção máxima lhe foi conferido o título de Acadêmica Honorária desta excelente instituição. Publicou os primeiros livros de poemas em 2011, pela editora Multifoco: “40 poemas” e “Painel”. “Oferta” é seu terceiro livro de poemas, pela editora Scortecci (2014). Ganhou alguns prêmios literários. Publica suas poesias em revistas, jornais e alternativos por todo o Brasil. Participou de Antologias no exterior. Tem um blog de literatura que atualiza constantemente: www.malabarismospoeticos.blogspot.com.br
O pescador e o mar
Os murmúrios das ondas martelam
molhando os lençóis amarelados
de areias mescladas em branco e preto
Vaga a grande asa do barco no ar
e o céu escurece as ondas do mar
indo o rastro do mastro diluir-se
Moroso o pescador move o leme
sem medo do vento ventando alto
busca o consolo do leito límpido
E ruidosas as águas o bebem
sorvendo o seu sossego no mar.
Deserto
Canibalismo no deserto, aridez dos astros. Não há mágoa numa névoa. Somente a faca é minha carne. O desejo se escondeu num olhar amargurado. Facas e garfos não são sensações. O astro cresce à minha volta. Não é possível contornar a outra margem, o deserto é meu silêncio. A névoa cai nos meus braços, sustento-a até a capacidade do meu olhar. Olhar de deserto, não espero estações. Na virada das poeiras que oscilam ao vento quente do deserto, pássaros se comem antropofagicamente. Formigas, maçãs, garfos, facas na sua ordenação neblinam minha face. Face neutra na passagem da névoa. Névoa paira, cai, se esbarra nos ventos da minha passagem pelo deserto, anímico, auditivo, mais do que a minha vida.
Minha casa
Fiz da minha casa uma floresta
em que nutro sementes e canções novas
com a água do destino
Nas paredes brancas da mente
acendo fogueiras que acalentam
os sonhos dos homens
Mas minha casa não tem paredes
No conhecimento que se abre
de meu corpo em riso sereno
fundo novos ritos e danças
acromáticas, homeopáticas
A cura que perfura a mão ofertada
inaugura a sede constante das chuvas
No chão da casa encontro
pisadas de pequenos seres
que direcionam meu gesto
ao sol de um novo mundo
Minha casa tem pianos
com teclas de livros da natureza
que segredam o silêncio do sagrado.
POEMAS EN ESPAÑOL TRADUCIDOS POR LUIS ARIAS MANZO:
EL PESCADOR Y EL MAR
El susurro de las ondas martillean
mojando las hojas amarillentas
de arenas mezcladas de blanco y negro
Navega el gran barco con sus alas al aire
y el cielo oscurece las olas del mar
por la senda el mástil se diluye.
Constante el pescador mueve el timón
sin miedo al viento que fuerte sopla
buscando el consuelo en la cama limpia
Y beben de las aguas ruidosas
Disfruta de su paz en el mar.
MI CASA
Hice de mi casa un bosque
Con que nutro semillas y nuevas canciones
con el agua del destino
En las blancas paredes de la mente
Haciendo hogueras que calientan
los sueños de los hombres
Pero mi casa no tiene paredes
El conocimiento se abre
de mi cuerpo en risa serena
creo nuevos ritos y danzas
acromático, homeopáticos
La cura que perfora la mano ofrecida
se inaugura la sede constante de las lluvias
En el piso de la casa encuentro
pasos de pequeños seres
que direccionan mi sentido
hacia el sol de un nuevo mundo
Mi casa tiene pianos
con teclas de libros de naturaleza
susurran el silencio de lo sagrado.