RECUSA PERMANENTENesta nossa África
De infindáveis mistérios
Um homem só... caminha
E suporta o universo
Nos ombros nus... castigados
Por sóis abrasadores.
Álgebra alguma no Mundo
Pode decifrar o homem
E o seu Universo solitário.
Alguém parece testar
A osmose... novamente
Prenunciando cânticos antigos.
Condensam-se os tempos
E a recusa permanente.
NOITES ESCURASA humanidade avança vertiginosamente
Quando se precipitam os acontecimentos
Nas noites escuras dos becos dos musseques.
Afinam-se os batuques para bailes frenéticos
Nas memórias dos rituais das sanzalas
Clamando novas harmonias e ritmos.
Mulheres ávidas por ver seus filhos
Que não chegam e tardam na escuridão
Antecipando tragédias, luto e dor...
ALGUNS VERSOSNa ilha de Kambondia
De manhã ainda cedo
Sopra uma brisa fresca
Dos canaviais e palmeirais...
Nos caminhos do mato
Ouvem-se as canções ancestrais
E o farfalhar de corpos nos capinzais...
Contempla-se gente humilde que parte
Encoberta por denso cacimbo matinal
Para lavras e lagoas distantes...
Partem os camponeses
Para as jornadas de trabalho braçal
Que alimentam a vida de todos os dias...
biografia:
Felisberto Manuel da Costa =Kajim Ban-Galaidade:51 anos
profissão: jornalista e editor
livro publicado:'fervor da kianfa' [crónicas e poesia]
membro da União dos Escritores Angolanos
dacosta315@yahoo.com.br