PRETO E BRANCOUma foto antiga e ampliada na parede.
Tirada de cima de algum prédio
de uma praia do Rio de Janeiro.
Reconheço por causa dos morros na linha superior.
A praia coalhada de gente.
Pequenos perfis negros.
Talvez, todos mortos já e sem saber que foram fotografados.
Carros antigos numa avenida sem sinalização nenhuma.
Com certeza, todos já viraram sucata há muito tempo.
Um sol ancestral.
O mar de sempre batendo.
Ainda a mesma praia que existe hoje.
Aqui, este 'instantâneo' para sempre,
Já começa a ser comido pelos cupins.
EU, HEIN...Eu escrevo muitos eus nos meus poemas.
Mas é porque eu me conheço melhor do que às outras pessoas ou coisas, ou assuntos...
Eu, na verdade, não quer dizer nada.
Apenas um pronome que não reflete
propriamente uma pessoa.
Não sou egocêntrico, egotista ou egoísta.
Sempre compartilhei minhas coisas, idéias e até mulheres.
Dividi meu vinho, meu pão e meu dinheiro.
Dediquei meu amor até para quem não me quis.
Por isso, fui me diluindo no mundo e hoje estou só.
Mas não me importo.
O Mundo inteiro ainda está disponível, como eu.
ESPERAA luz permeia os cantos do quarto, coada pelas frestas da janela.
Luz lunar.
Reflexo que seduz as sombras da noite e cria paisagens no escuro.
O ar cinza recorta os objetos em imagens difusas, reconhecíveis apenas pela sugestão.
Fecho os olhos e um novo escuro, mais denso, projeta sonhos
Que são o avesso da visão, o reverso da vida.
Uma química especial destila no sangue uma paz profunda
E inexisto diluído no sono...
biografia:
Osmar ReyexArtista Plátisco e Poeta. Paulista de Ribeirão Preto. 15 de Janeiro de 1955. Uma Filha. Um neto. Moro em Santos, no Bairro do Gonzaga. Rosacruz, Maçon e Martinista.
o.reyex@gmail.com