Airton Reis Junior
Biografia
'O poeta é um fingidor'
[Fernado Pessoa].
DOR FINGIDA
Airton Reis
De dor fingida não constituirá o meu verso.
Não empresto rimas melancólicas para falar do cortejo fúnebre dos rios e
Traduzir o sentimento do coração pantaneiro.
Não! Não falarei da morte pela morte,
Do fim pelo fim.
Não cantarei a exploração que dizima floreada com pobres rimas
Somente para serem páginas esquecidas no tempo das fábricas,
Nos espaços das cidades.
Sim! Falarei da morte pelo capital,
Do fim do Pantanal.
Cantarei a exploração pseudo racional e o meu canto será
Denúncia.
Sim! Ouvirei o estrondo que ecoa das florestas ao Norte.
Madeiras de lei: vida ou morte?
Sentirei sim a dor das chamas de uma queimada qualquer e
Experimentarei a fuga dos répteis sobre as trilhas que conduzem o
Fogo exterminador.
E voarei com o bando de pássaros que abondonam os ninhos incendiados,
E nadarei nos rios contaminados.
E serei poeta sentidor,
Dor que deveras sente sem ser fingidor.
PONTO FINAL
AIRTON REIS
'As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá'. [Gonçalves Dias]
Uma saudade,
Um exílio,
Um verso,
Uma mesma humanidade.
Outro tempo,
Outra