A CIDADE [ Demóstenes Félix] A cidade se despe,
A cidade nua,
A cidade crua,
Tristeza na rua!
A cidade que se esquece
É a mesma que enlouquece,
A cara do abandono
A tristeza do abandono.
A cidade corre.
A cidade se morre
Na tristeza do rio,
A cidade descalça,
Sem riso,
Sem canto,
Sem nada.sem nada,
sem nada
Eu só quero,
A cidade só quer!
A cidade só! A cidade só!
A cidade só!
Almas de concreto
Diluindo o amor,
Vidas de concreto
Plantando dor!
A cidade se veste
Quase nua
Quando a lua
Alumia meu coração
Abandonado!
Quando alumia a lua
Meu coração abandonado!
ANITADemóstenes FélixUma penumbra cobre o teu corpo,
Há réstia de sombras a te abraçar
Vejo um sorriso entreaberto
Entre duvidas, ansiedades e medos...
Tateio teu corpo, como quem se descobre,
Primeiro as mãos, os dedos, os toques, os lábios, os beijos...
Volto a contemplar tua paisagem inerte,
Estremeço...
Teu corpo é qualquer coisa de miragem, de desejo, de volúpia...
Agora... Há mais medo em mim, do que o que conheço,
Já não sou o que sonho... Sou só desejo, a arder e a queimar - impunemente.
Retorno a teu corpo como quem abraça uma esperança
E trafego loucamente entre tuas curvas, cones, florestas e cascatas!
Fiz-te meu país,
E agora sou mil bocas a te beijar feroz e docemente,
Transitando entre ânsias e loucuras...
O coração pulsa, explode em ritmos alucinantes,
Em mim tudo é ânsia e êxtase...
E tu és a mansidão e a calma da espera,
A paz da certeza - o obvio, na descoberta.
Eu como um afluente de rio,
Que segue caminhos e se apressa
Em busca de teu mar...
Agora é mar, és o mar...E eu rio...
Rio a te desaguar
E me deságuo
Em tuas águas.
No teu corpo
De quase menina,
Quase mulher,
Quase sonho, menina-mulher!
NOSSO AMORDemóstenes FélixEu invento um romance
Assim como todo mundo
Inventa um amor,
Assim como se alimenta
Uma paixão,
Um tesão
Que o amor alimenta!
Agora era um romance
Com direito a todos os lances:
Poemas, beijos, cartas,
Rosas, presentes, palavras,
Meu amor, meu bem, zen.
E nossos olhos, em decote,
Se comendo, a espiar.
Hora do almoço, jantar,
Hora de dormir, acordar,
Lençóis, corpos trenós,
Era a gente assim, dizendo sim!
Noites de luas, uísques,dança a dois,
Penumbra, sorrisos azuis,
Filmes, musicas,braço no abraço,
Corpo no corpo, no chão,
Mão na mão da contra-mão.
Quando o amor adoeceu,
Faltaram palavras, a dança dançou,
Nem rosa mais nasceu,
Eram só dois corpos
Fingindo que nada aconteceu,
Que um dia eu fui teu amor
E tu foste o meu!
biografia:
Demóstenes FélixFunconario Publico Federal, integrante do grupo virtual poetas independentes, escreveu textos para teatro; 'Amarelinha', Amor em tempo de servidão' , 'Auto da luz', 'Conversas de Botequim','Maria da Lanterna' e participou da criação dos projetos 'Bebendo poesia', 'Poetas de quinta', tem parecrias musicais com os musicos: Felipe Magoo, Valdir Santos, Herbert Lucena e Erisson Porto.
demostenesfelix@yahoo.com.br